Vários são os materiais empregados na elaboração de desenhos. Eles podem ser feitos com pena ou ponta de prata, para a obtenção de traços finos; com lápis, giz ou carvão (quando a linha torna-se mais espessa); também com pastel ou pincel, quando o objetivo é um traço mais grosso. Desde a invenção do papel, no século XIV, ele se torna o suporte dominante para a realização de desenhos. É possível classificar o desenho em função dos instrumentos utilizados para a sua execução, ou da ausência deles. Pode-se pensar ainda em modalidades distintas do registro de acordo com as finalidades almejadas. Há o desenho científico, empregado na zoologia, na botânica e anatomia (fartamente empregados como ilustrações de manuais didáticos); o desenho técnico, industrial e arquitetônico (realizado, de modo geral, com o auxílio de réguas, compassos, esquadros e outros instrumentos); o desenho utilizado pela imprensa e pelos livros (ilustrações, retratos e caricaturas), o desenho artístico etc. Desenhos são ainda utilizados por cineastas, designers, coreógrafos e cenógrafos em esboços, maquetes e projetos auxiliares. Desse modo, é possível pensar que a presença do desenho invade os mais diferentes campos e áreas de atuação - ciências, artes aplicadas, belas-artes, indústria, publicidade etc. -, nas mais diversas etapas da história da humanidade. É a partir do século XVI, com o advento do Renascimento, que tem início o desenvolvimento do desenho como obra de arte.
Os artistas do Renascimento, como sabido, se orientam por ideais de perfeição, harmonia, equilíbrio e graça - representados com o auxílio dos sentidos de simetria e proporção das figuras - de acordo com os parâmetros ditados pelo Belo clássico. Nesse contexto, os estudos (leia-se: desenhos) de anatomia para composições maiores são bastante utilizados no período. Lembremos o Estudo para uma das Sibilas no teto da capela Sistina, de Michelangelo Buonarotti (1475 - 1564), os desenhos feitos por Rafael (1483 - 1520) em seu caderno de esboços para a posterior realização da Virgem do Prado (1505), ou ainda os estudos de Correggio (1489 - 1534) para afresco (por exemplo, os de 1526, parte do acervo do Museu do Louvre). O desenvolvimento de pesquisas científicas no período, por sua vez, fornece subsídios para a elaboração de novos métodos e técnicas. A perspectiva central, sistematizada por Fillippo Brunelleschi (1377 - 1446) e descrita por Leon Battista Alberti (1404 - 1472) no tratado Della Pittura (1435), altera de modo radical os modos de representação e as concepções de espaço, o que se reflete nos desenhos realizados na época. Os rendimentos do uso da perspectiva podem ser observados, entre outros, na obra de Leonardo da Vinci (1452 - 1519). Responsável por ampla produção artística e científica, célebre por seus escritos, pelos retratos e pela invenção da técnica do sfumato, Leonardo vai se valer sistematicamente do desenho - sobretudo dos desenhos com giz - para a realização de investigações e esboços. Estudos de proporção e anatomia são feitos a partir da observação minuciosa de corpos humanos e de animais (Estudos anatômicos - laringe e perna, 1510). Do mesmo modo, desenhos preparatórios de gestos e expressões são sistematicamente executados por ele.
A arte do desenho ganha extrema importância nesse momento, mas fundamentalmente como atividade preparatória para a realização das obras principais, pinturas e esculturas. Atividade de apoio, é verdade, mas considerada imprescindível na formação dos artistas, que por meio do desenho, registram a realidade observada, treinam as medidas e proporções dos corpos humanos. Por essa razão as academias de arte, nos séculos XVI, XVII e XVIII, vão fazer do desenho uma disciplina obrigatória para o aprimoramento da atividade artística. As novas instituições defendem a possibilidade de ensino de todo e qualquer aspecto da criação artística por meio de regras comunicáveis. Nesse contexto, as aulas de desenho de observação e cópia de moldes são fundamentais para o treinamento dos novos artistas. O desenho como aprendizado técnico ou como exercício acadêmico da forma tem lugar nas academias a partir da realização de nus, natureza-mortas e paisagens, assim como pela cópia de esculturas antigas.
Diante do papel proeminente da pintura ao longo da história da arte ocidental, o desenho figura em boa parte desse percurso como designação genérica para as etapas intermediárias: apontamentos, estudos preparatórios ou contornos de figuras e objetos posteriormente cobertos pela tinta. A despeito desse movimento mais geral, alguns artistas, como o paisagista inglês Turner (Joseph Mallord William, 1775 - 1851), conferem ao desenho lugar destacado em sua obra, como é possível perceber pela enorme quantidade de desenhos que realiza entre 1814/1830, alguns deles publicados na Picturesque Views of the Southern Coast of England (1826). Turner concebe ainda desenhos para a coleção de gravuras Portos da Inglaterra e para uma edição ilustrada de Italy, poema de Samuel Rogers. Na tradição paisagística, o desenho terá lugar importante também na obra de Fragonard (1732 - 1806), que obtém efeitos novos em seus desenhos de paisagens (O Parque da Villa d'Este em Tivoli, 1760). O surgimento da caricatura é responsável por uma relativa independência do desenho em relação à pintura, como indica a obra de Honoré Daumier (1808 - 1879), famoso por suas charges e sátiras políticas realizadas por meio de desenhos, gravuras e escultura.
A arte moderna e sua ênfase na autonomia da pintura, sobretudo com Édouard Manet (1832 - 1883) e com os impressionista - que alçam a pintura ao ar livre ao primeiro plano - descartam o recurso a esboços e estudos preliminares para a confecção da tela. No momento em que se torna dispensável ao pintor, o desenho pode efetivamente se autonomizar adquirindo status independente como obra de arte. Os nanquins de Vincent van Gogh (1853 - 1890) - Vista de Saintes- Maries (1888) - ou os desenhos em carvão de Georges Seurat (1859 - 1891) são sinais explícitos do novo lugar que o desenho passa a ocupar na cena moderna. Ligados à arte figurativa, mas também às pesquisas abstracionistas, os artistas modernos se lançam ao desenho, experimentando aí as possibilidades abertas pela linha, contornos, contrates e materiais. Pablo Picasso (1881 - 1973), Paul Klee (1879 - 1940) e André Masson (1896 - 1987) são alguns dos inúmeros artistas que experimentam o desenho em suas obras. O desenho moderno no Brasil encontra expressão em artistas de vocações estilísticas variadas, como Tarsila do Amaral (1886 - 1973), Lasar Segall (1891 - 1957), Flávio de Carvalho (1899 - 1973), Oswaldo Goeldi (1895 - 1961), Guignard (1896 - 1962), Djanira (1914 - 1979), Iberê Camargo (1914 - 1994), Mira Schendel (1919 - 1988), entre outros.
Fonte:http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC
Eu deixei este texto idêntico ao original para que se perceba a riqueza da arte.
APRENDA A DESENHAR.
Para Freud o ato de "trabalhar o sonho", pode reformaular, converter os pensamentos latentes que estão no mascaramento do inconsciente para uma codificação verdadeira, para ele todos os sonhos são a realização de desejos. Pois sob a superfície ou sob o limiar da consciência, está o subconsciente ou o inconsciente. Com isto Freud provou que todas as pessoas são Artistas naturalmente podem desenhar pintar e criar muitos tipos de arte, basta querer se desenvolverem.
Pois é correto afirmar que a arte deveria ser criada a partir do inconsciente (Breton 1924). Sendo assim desenvolver a própria capacidade artística, depende de cada pessoa, porém requer dedicação.
Quero pintar retratos seus
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